Friday, September 30, 2005

 

o zelador cinzento que olhava as estrelas

Foi o vento, ou antes as campainhas empurradas pelo vento que o acordaram.
Começaram a soar devagarinho e rapidamente tocavam furiosas, à medida que o vento se assanhava.
Também Berto, mergulhado noutro mundo, demorou alguns segundos a perceber que o chamamento das campainhas era do lado de cá da realidade e não fazia parte do sonho.
Saltou da cama, enfiou o vestido cinzento pela cabeça e correu.
Nestas ocasiões não há tempo para tomar o pequeno-almoço ou o que quer que seja.
Sopra o vento o zelador corre, apanha o seu papagaio cinzento, desembaraça-se de modo a fazê-lo voar já com a trincha e a tinta negra preparadas.
Há que apagar as estrelas que mancham a uniformidade escura do céu. É a sua tarefa.
Berto esmerou-se.
Pegou no cabo e começou a correr na direcção de onde vinha o vento, arrastando o papagaio atrás de si.
Desta vez tudo iria correr bem.
Tinha tido problemas quando era estudante. Às vezes o cabo enrolava-se-lhe, uma vez conseguira mesmo partir o papagaio, o que lhe valera o riso dos colegas e um jejum de castigo por três dias na Casa.

Nunca tinha apagado qualquer estrela, era demasiado novo para isso, nem ouvira alguma vez alguém contar o apagamento de uma estrela na primeira pessoa, embora os manuais escolares e as lendas próprias da escola referissem heróis sem os quais o número de estrelas no céu seria avassalador.
Mas esforçava-se. E estava convencido que algum dia o havia de conseguir.

Mas nesta noite cometeu um erro. Um erro grave. Por um motivo qualquer fez aquilo que na escola lhe era repetido todos os dias, em todas as aulas, que em caso nenhum se deveria fazer.
Ao verificar a posição do papagaio no céu olhou as estrelas. E não conseguiu desviar de imediato o olhar.
Entrou em pânico. Todo o seu ser lhe dizia que fechasse os olhos, olhasse para os pés, fizesse qualquer coisa, reagisse mas Berto não era capaz.
Fixava as estrelas.
Fixava particularmente uma, grande e bonita.
Bonita! Uma estrela! Blasfémia!
As estrelas eram as fezes do céu, a porcaria que sujava o negrume quieto da noite, que perturbava o equilibro que lhe era destinado.

Desviou o olhar por um segundo mas já não conseguia fugir, estava fascinado.
Pior.
Foi nessa altura que uma estrela resolveu cair do céu e traçar um risco de luz que ora estava lá logo a seguir já não estava mas só no céu porque ficou para sempre no olhar, naquele olhar interior, o que se leva connosco para toda a vida, de Berto.

O papagaio desgovernado ameaçava cair. Berto parou de olhar as estrelas e voltou a prestar-lhe atenção.
Voltou a dar-lhe as voltas que lhe tinham ensinado que eram as necessárias para apagar as estrelas, mecanicamente.
Mas se o corpo estava ali onde já voava a alma?

O vento parou. Hora de arrumar a trouxa, cuidar do material, voltar para a cama se ainda houver tempo antes da alvorada e do cumprimento dos deveres matinais.

Toda a Casa estava coberta.
Os corredores, as celas, as salas, os pátios, todos os espaços.
Não havia janelas.
Os zeladores só podiam sair de dia, quando não havia estrelas no céu.
Mas Berto tinha de encontrar uma maneira de as voltar a ver, de as contar, de conseguir repetir o encantamento daquela noite.

Procurou um lugar no sótão, uma tarefa diurna que lhe permitisse por um lado estar mais perto do céu (fraco consolo) por outro aproveitar um buraco, uma telha deslocada, uma passagem para o céu por entre as grades da Casa.
Difícil. Nunca se tinha apercebido mas toda a estrutura era estanque, tudo tinha sido calculado para que nem uma nesga de céu nocturno pudesse poluir os corações dos zeladores. A água do poço reflectia o tecto da sala do poço, as luzes eram artificiais, nunca se saía a não ser nas noites de vento, tudo o que a casa necessitava era trazido de fora.

E Berto sonhava: Que um dia iria poder ver as estrelas, sentir novamente a vertigem de cair na sua direcção. Sonhava que as estrelas eram sempre as mesmas, todas as noites, fantasiava que estavam sempre nos mesmos sítios e que se podia fazer desenhos entre elas, como aqueles jogos de unir os pontos e no fim aparece uma figura, um leão, um urso, uma serpente…

Sonhava que era um dos de fora e que podia ver as estrelas à noite. Mas a vida dos de fora era tão dura que não lhes permitia decerto pensar nessas coisas.

Parti com a intenção de contar uma história de libertação, uma em que o zelador pudesse contar as estrelas, admirá-las desenhá-las, redesenhá-las, fazer-lhes coisas cá de longe.
Queria contar uma história em que Berto fosse feliz.

Mas não consigo, não está no meu poder.

O único zelador que tinha acesso ao mundo exterior de noite era Jonas, o Cego, que nunca vira as estrelas.
Berto, o zelador que admirava as estrelas, vai morrer sem nunca as ver a não ser de relance, nas noites de vento em que tiver coragem para olhar para o céu enquanto manobra o papagaio.

 

Acordo de madrugada

«E depois, à noite, quando desperto, vou pintar...»

Acordo de madrugada. Sem razão, sem ser por nada, apenas com a claridade.
Dentro de mim Michael Brecker sopra uma balada, límpida, clara, tão solitária como eu.
Um copo de leite, talvez, é tarde para fazer café, não quero acordar os restantes utentes da minha vida.

Uma guitarra como um desejo de acompanhar o saxofone. Volto-me antes para a leitura.
Um livro sobre genética, um número atrasado e ainda não lido da Newseek?

Para Espinoza é cedo.

Pego na revista, fixo nela o meu olhar e deixo o pensamento deambular pela balada.

Uma balada em lá menor, quente, de um castanho límpido e acariciante. O silêncio em lá menor.

O silêncio, a via. A morte e a vida dançam uma valsa silenciosa, abraçadas como duas pessoas que já conhecem os aconchegos suaves do corpo da outra.
O silêncio. Ouvir o bater das asas da alma enquanto esta paira sob a lua, a cidade em baixo, adormecida calada.
O silêncio, a vida que já foi, a que há de vir?
O silêncio instala-se no aqui mesmo, chama-me com a sua voz muda e sussurra-me poemas que só entendo quando volto a adormecer.

 

A Flauta Mágica

Hoje faz anos aquela (é nesta altura altura que se sussurra um piscar do olho) ópera de Mozart (extraterrestre, agente espacial, remetido para a Terra pelo supervisor para a Paixão desta parte da Galáxia) que todos temos no coração (que partilhamos todos nós os que temos coração) porque a ouvimos debaixo de água dentro do corpo da nossa mãe (e nele ouvimos palpitar a vida).

30 de Setembro de 1791 – 30 de Setembro de 2001

 

O Sonho e o Anjo Parte IV

Uma pomba, uma dessas que se escondem nas igrejas, nas ruínas, nos telhados?
Não. Sentia-me observado no meu sonho e as pombas não observam as pessoas.
No entanto o restolhar das asas fora bem real.
Ligeiro, a desaparecer de repente, quase imperceptível, mas sólido.
Pela primeira vez um indício, mais que uma mera sugestão.

Thursday, September 29, 2005

 

Manhã

Manhã.
Fome.
Fazer um café, dar de comer ao gato, comer uma taça de all bran, vestir a roupa de correr, visitar o nascer do Sol e as sombras que se alongam a partir de nós cada vez mais curtas.
Sono.
Levantar de um salto, espantar a preguiça, activar os músculos, correr até as pernas se lembrarem do que fizeram ontem e respirar, ritmadamente, ½, ½, ½, ¼, arquejar.
Cumprimentar o Sol sem o olhar directamente, seria indelicado. Arredar as memórias sombrias, os fantasmas que dormem connosco à espera de um momento de desatenção para nos devorarem a alma com o seu apetite de sofrimento, os fantasmas que morrem com as primeiras luzes.
Trabalho.
Atarraxar o rabo à cadeira, ouvir o Lago dos Cisnes, dobrar o corpo sobre o computador, segredar-lhe coisas belas com as mãos ligeiras. Ir para a sala do teatro ouvir histórias.



 

E Mozart?

Entretanto mudei para a Cecilia Bartoli a cantar Mozart.
Outras duas provas da marca de família.

A paixão em Mozart é sempre uma paixão lúdica.
Sente-se que salta, que corre descalça pelos corredores iluminados da alegria ou da tristeza, mas sempre com a noção de que se está a construir um jogo.
Os momentos de dor (e não há paixão sem dor) são magníficos mas atrás deles adivinha-se sempre um despertar íntimo, solar, radioso, como se mesmo um olho magoado fosse capaz de piscar uma surpresa por entre as lágrimas

 

O Sonho e o Anjo parte III

Desta vez apenas um leve restolhar de asas.

 

A oratória “A Paixão Segundo S.Mateus” de JS Bach.


A mãe do mundo morreu de parto, este teve de crescer sozinho entregue a si próprio.
No entanto como se fora um exposto deixaram-lhe na roupa em que o envolveram um monograma com as suas iniciais e outros indícios da pertença de família.

Entre esses indícios sem dúvida a marca de Bach, que é como que uma espécie de marca de Caim, indelével, uma maldição rendida ao eterno.

Tudo isso tem talvez a haver com o facto de Bach, como aliás Mozart, Goethe, Schubert e Mário de Sá Carneiro, entre outros, serem extraterrestres enviados ao planeta Terra pelo supervisor para a paixão do sector da Via Láctea.

Foi assim: O Supervisor para a Paixão escutava atentamente os sons provindos do sistema solar, e desde há uns anos que vinha observando com atenção pelo menos dois planetas, Júpiter e a Terra.

Quando se iniciaram as experiências musicais, sensivelmente ao mesmo tempo em ambos os planetas, estas divergiram de maneira radical.
Em Júpiter tentou-se bater palmas como forma de produzir som.
O princípio é correcto mas devido à forte densidade atmosférica do planeta não se ouvia nada. Os jovianos batiam as mãos umas nas outras, com afinco, com esmero, com paixão, mas não conseguiam produzir qualquer som.
Apesar de algumas correntes minoritárias defenderem posições mais radicais o som parece ser um elemento pelo menos muito importante na música.
Tentaram os jovianos bater com os pés no chão mas este era mole e também não se ouvia nada.
Houve até um rapaz que inventou uma coisa esquisitíssima: Um aro de madeira no qual se esticava uma pele de animal. Batia-se-lhe com um pau e obtinha-se, desta vez sim, sons.
Claro que uma estupidez destas não podia pegar e além disso os Jovianos gostavam mesmo era de silêncio, pelo que cessaram as iniciativas musicais.
O agente MT 4 remetido para Júpiter pelo Supervisor foi queimado numa fogueira por ter feito barulho fora de horas.

Na Terra a história é mais ou menos conhecida.
Houve bateres de pés no chão, concertinas, búzios, gritos, trompas canoras e belicosas, S. Gregório, Palestrina, Monteverdi, etc.

No entanto o Supervisor para a Paixão achava aquilo chato, faltava-lhe paixão, aquela coisa que faz andar os comboios eléctricos da alma.
Chamou um dos melhores músicos do seu staff, o agente JSB, e disse-lhe: «Ouve lá, trocas a imortalidade pela possibilidade de ir tocar órgão e compor para uma igrejinha de província? Trata-se de tornar a Terra menos chata, uma vez que Júpiter é um caso perdido.»
JSB foi para casa, dormiu sobre o assunto.
Ou antes não dormiu.
Como é que se pode dormir quando se tem uma vida toda de imortalidade para resolver num momento (embora o Supervisor não tivesse marcado prazo JSB não gostava de protelar, até porque o inevitável tem uma certa tendência para acontecer).

No dia seguinte disse à mulher que ia comprar tabaco, foi ter com o supervisor, tomou a nave das 16h00 e nasceu na Terra sob forma humana.
Depois foi o que se ouviu.

A Conspiração Permanente dos Chatos reuniu-se, no entanto, de imediato a fim de tomar contra-medidas. A Terra é e será um sítio chato era o seu lema.
O renascimento passara-lhes ao lado, não tinham lido Espinoza, mesmo que soubessem ler não queriam saber.
A paixão, o riso, a poesia, a música, o sonho, tudo isso era lixo, desperdício de tempo que de outro modo podia ser usado para fins úteis, tais como lançar papagaios de papel cinzentos armados de esfregonas e detergente de forma a tentar limpar o céu de estrelas.
«Esse gajo há de compor muita coisa para ficar no baú.
E quando morrer há de ser esquecido.»

Os serviços de supervisão ofereceram a JSB um relógio de ouro e uma caneta de tinta permanente quando se retirou como reconhecimento pelos serviços prestados mas a praga rogada pela Conspiração Permanente dos Chatos pegou, JSB andou esquecido dentro de um baú durante cerca de 100 anos.
Praga de chato é assim, pega logo, ao contrário do meu carro e dos remédios contra a tosse.

O Supervisor contra atacou.
Desta vez mandou agentes mais precoces. Primeiro o Wolfgang Gottlieb Mozart.
Depois o Félix Mendelsohn.

Este é que veio desenterrar o agente JSB do baú em que o tinham enfiado.

E dada a curta duração dos agentes quando expostos ao clima terrestre (veja-se o WGM e o FS – na Terra conhecido como Franz Schubert) o Supervisor foi mandando outros, Goethe, Mário de Sá Carneiro, Lautréamont (estes dois também não se destacaram pela longevidade) e outros.

Desde essa altura o planeta terra tem-se tornado menos chato.
Há mesmo que se atreva a defender que a Terra é redonda (pelo menos vista do espaço parece).

Claro que há altos e baixos, a Conspiração Permanente dos Chatos conseguiu que a execução de obras de Mendelsohn chegasse a ser proibida numa época complicada do século XX.
Mas a racionalidade voltou a imperar e a Paixão retomou o seu lugar, mantendo o Supervisor satisfeito.


Wednesday, September 28, 2005

 

O Sonho e o Anjo parte II

Terá sido ilusão?
De novo a sensação estranha de estar a ser observado no meu sonho e de o meu sonho estar a ser observado.
Terei de sonhar sem me deixar adormecer no meio do sonho. Terei de estar atento aos reflexos da água no tecto da catedral. E aos sons que se escondem por detrás das colunas, por detrás dos altares laterais, de cada vez que os procuro, de cada vez que quase os oiço.

Tuesday, September 27, 2005

 

A princesa e a rã

Foi de manhã, no jardim do palácio.
A princesa procurava gotas de orvalho nas pétalas das flores abertas nesse dia quando encontrou um rapaz.
Pela roupa, pela cor, pela fala, tinha encontrado um príncipe.
Levou-o para dentro de casa, aqueceu um caldeirão de água, despiu o príncipe e pô-lo a tomar banho.
Tirou a roupa e entrou ela também no caldeirão, sentiu a água morna a aquecer-lhe o corpo e abraçou o príncipe, roçou com um beijo os lábios dele.
Nesse momento um clarão e o príncipe transformou-se numa rã.
Saltava a rã dentro da água morna aflita para fugir mas as paredes altas do caldeirão não a deixavam.

E a princesa feliz, finalmente tinha encontrado companhia para o banho matinal.

 

O Sonho e o Anjo

No meio de um sonho uma luz.
Pelo menos pareceu-me entrevê-la.
Talvez fosse uma parte ainda mais escura num cenário em branco e preto, ou talvez uma parte mais clara.
Não sei mesmo se se pode dizer que a entrevi de tal modo foi fugaz a suas presença, se é que de facto esteve presente e assistiu ao sonho.
Pode ter sido um pedaço de cor sépia a separar-se da visão pouco nítida de um altar-mor de uma igreja iluminada à maneira barroca, em talha dourada baça como se estivesse submersa.
Talvez uma frase solta de um órgão da mesma igreja, frase entreouvida no vento antes de este mudar de destino, frase abafada pelo peso da água em que estava mergulhada, quase sussurrada, a partir ao mesmo tempo que chegava.
Não sei se a vi, se a ouvi dentro do meu sonho ou se simplesmente sonhei que a sonhei, mas a sensação atingiu-me de forma indelével.
Ou pareceu atingir-me.

 

Natureza Morta

Os Mortos, os Vivos e os Assim-Assim.

Foque o leitor o olhar na pintura que lhe apresento:

De uma taça de barro discreta saltam frutas variadas, gordas, coloridas.
Em tons de encarnado baço ou amarelo baço, acompanhadas de raminhos em tons de verde-escuro.
Distingue-se vagamente que o conjunto assenta sobre uma mesa, mas esta perde-se na penumbra.

A iluminação fará Vexa o favor de a compor.

Dir-se-ia que é uma natureza morta.
O efeito também resulta com flores ou legumes (há combinações fascinantes de rabanetes e bróculos).

Todas as peças expostas estão em princípio mortas.
As frutas, as flores, os legumes, foram arrancados da terra, cortados das árvores, decepados, retirados do meio que lhes suportava a vida. Foram mortos para acabarem expostos na tela de um pintor.

A Taça por sua vez não é das coisas mais vivas que temos visto. Não é como uma seara ondulante ao sabor da brisa ligeira ou uma árvore a dançar inclinada numa posição angustiante comandada por um vendaval que brota das mãos de van Gogh, ou mesmo um peixinho a nadar ingénuo no fundo de um aquário de loiça.

Para encontrar vida naquilo temos de recuar no tempo.
Temos de recuar até ao tempo em que as maçãs da pintura embelezavam orgulhosas os ramos da macieira e as margaridas eram as favoritas do canteiro.
Ou ao tempo em que o oleiro rodava o barro que iria dar origem à taça, o ungia de água que é o óleo santo do oleiro e do barro, o que os une, lhe dava a forma a partir do pó.
Ou ao tempo, apesar de tudo posterior, em que o pintor montava, desenhava, pintava o quadro que estamos agora a ver.
Se quisermos ser exaustivos temos de ver fabricar os pincéis, a tela e as tintas, seguir uma espécie de passado divergente.
Seguir a história de cada um dos elementos presentes na natureza morta, seguir a história de cada um dos evidentemente ausentes.
Seguir as histórias divergentes de cada um dos elementos consoante se trate de pintura a óleo ou não, sobre tela ou sobre madeira ou outro material, conforme tenhamos pintado maçãs ou laranjas na nossa imaginação, multiplicar o passado, enriquecê-lo.

Criar o passado e assim criar um presente diferente conforme o nosso estado de espírito.
Está um daqueles dias azuis de saudade e nós pintamos violetas na imaginação.
Ou um dia vermelho de afecto correspondido e é a maçã que domina a nossa pintura.

Criar um futuro.
Numa versão cor-de-rosa a fruteira esconde um subreptício microfone, duas pessoas aproximam-se como se fossem escolher uma peça de fruta e murmuram coisas que não sabe que estamos a ouvir.
E essas conversas criamo-las nós.

Ou esconde a áspide libertadora por que Cleópatra anseia, traída, derrotada, morta antes mesmo que a sua natureza o esteja.

Ora foque o leitor o olhar na pintura que lhe apresento, veja se tem semelhanças com a sua, veja se o nome de Natureza Morta lhe assenta, se não tiver pinte-a de outras cores.
Mais sombrias, mais matinais, mais frescas, a gosto.

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