Thursday, May 10, 2007

 

Crónicas de viagem do meu tio que se perdeu na América e cujo achamento se comemora no primeiro dia de Março de cada ano. O Homem-Aranha III.

Para começar a Kirsten Dunst está magríssima. O único plano em aparece jeitosa é um em que ela é atirada de maço para cabaço por uma espécie de aranha malévola mas aí não é ela, é um duplo (diz-se uma dupla?).

E canta mal. Faz parte do argumento e é verdade. No argumento tem uma voz fraquinha, na realidade canta fora da tonalidade (para ser simpático canta numa tonalidade muito própria, tipo aquela fadista conhecida que também canta numa tonalidade paralela aos restantes músicos).

A pontos de a rapariga mais interessante do filme ser a loira com que o homem-aranha troca um beijo.
O realizador demora até ao intervalo a mostrar quem são as personagens e só aí é que arranca com o filme propriamente dito.
Até aí dá para tudo, até para uma aparição vinda dos anos 80 da Theresa Russel (mas onde é que tu tens andado escondida, rapariga?)
E há uma razão para isso, o filme está cheio de personagens. Nessa parte até os habituais críticos de cinema têm razão, há um excesso de vilãos.
Normalmente estas coisas são lineares. Há o bom, há o mau e há a gaja do bom com que este tem uma chatice que é sanada pouco antes do fim, a tempo de depois de o bom dar um enxerto de porrada no mau (que pode ou não terminar com a morte, depende de se estar a pensar na sequela ou não) tudo terminar num beijo de mãos dadas ao pôr-do-sol.

Aqui há montes de maus.
Toda a gente tem um lado mau, excepto a loira que é uma personagem secundária e a Kirsten Dunst (e mesmo esta...)
O homem-aranha tem um lado mau, o Harry tem um lado bom, o Sandman tem um lado bom, só o Brock é que é só maldades.

É difícil decorar as personagens todas. É como se estivéssemos a ler o Idiota, do Dostoievsky, temos de ir marcando as personagens com um post it ou a certa altura confundimos a generala com a irmã do tio do cunhado do...

O que como é evidente perde em ambiente trágico. Os heróis e os vilãos querem-se sós (mirem-me no exemplo dessa obra de arte que devia ser tornada obrigatória no ensino secundário que é o «300», não pelo filme mas pela mensagem). Aqui até os vilões vêm aos pares (as personalidades também...)

O filme também tem méritos: Normalmente a gaja é descartável, ou seja, a que entra no I já não entra no II.
O Batman está sempre a mudar de gaja (e passaram por lá pelo menos a Michelle Pfeiffer e a Nicole Kidman, ai!).
Este mantém-se fiel à Kirsten Dunst (pena, sublinho, que a rapariga esteja desesperadamente magra e cante mal).
E mais, o que é uma iconoclastia num filme americano, dá um beijo apaixonado noutro que não no Homem-Aranha e safa-se! Inédito. Ou quase, é preciso ir buscar o Hitchcock para encontrar uma chave assim (há uma remake admirável com o Michael Douglas, o príncipe Aragorn - falha-me o nome - e a Gwineth Paltrow em que esta mostra um bocadinho de perna e é uma coisa espantosa, uma dádiva de Deus para nos provar a Sua existência - não é o meu filme preferido dela, nesse aparece despida).

Deixem lá. Na minha série de televisão favorita (não, não vi na televisão, comprei os DVD), que é o 24, a rapariga é raptada, fica uns dias fora de casa sob o controle dos raptores, não se lava, não muda de roupa mas vai trocando de sapatos! É como aquela imagem do Tróia em que por detrás do Brad Pitt aparece o rasto de um jacto no céu.

Na sala ao lado perdi o Dreamgirls, vou ver se corrijo esse erro hoje.

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