Tuesday, October 10, 2006

 

A6 O Som

Na loja o vendedor perguntou-lhe se queria um acidente com ou sem ambulâncias.
Que os gritos aflitos das ambulâncias aumentavam a ambiência, o efeito Natal seria perfeito, as luzes giratórias dos carros da polícia, as sirenes, o espectáculo de luz e som…

Como se os pequenos arco-íris que se deixam prender preguiçosos nas árvores na altura do degelo começassem a cantar em coro antes de se libertarem e caírem no chão para ser bebidos pelas raízes, largarem as cores mais extremas e se transformarem em verde-folha.

Que não, muito obrigado, ambulâncias não, só chapa, não gosto da cor, mentiu para o empregado.
A si impôs-se dizer-se a verdade. Feridos não, não quero os meus filhos educados na violência a ver a o mini como se estivessem a assistir a um telejornal nos dias mais sumarentos.
E quem sou eu para mandar pessoas para o hospital? Decidir a este parto-lhe uma perna, àquele um braço?
Não. Ambulâncias não.

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