Wednesday, November 22, 2006

 

A6, O sabonete

De manhã, de saída para a auto-estrada, depois de toda a família já ter saído e estar pronta no carro lembrou-se de que tinha esquecido os óculos escuros no quarto, voltou atrás e escreveu no espelho com o sabonete pequenino do hotel: «Estás aí? Fala comigo».

Voltou a correr para o carro que já buzinava impaciente.

 

A6, Espelho meu

O Mini continuava às voltas, manhãs e tardes, Primaveras e Invernos confundiam-se no encadear das luzes da contra-mão.
As crianças não cresciam, os pais não se admiravam.
Talvez já não fossem crianças mas imagens de crianças e os pais não fossem pais mas imagens de pais.
À noite, já a família adormecida a mãe procurava na televisão notícias de um mundo que lhe apetecia haver fora da auto-estrada.
Notícias assim de fugida, como um canal meio sintonizado, outra mãe que velasse os filhos, crianças que crescessem.
Respondia-lhe a prefiguração dos canais de cabo do hotel.
Percorreu-os e não encontrou nada de fora do comum.
Foi à casa de banho e deixou a porta aberta, viu no espelho a televisão ligada e nesta a imagem de dois meninos que espreitavam.
Logo de seguida a imagem mudou e apareceu um tipo musculoso da televendas.
À cautela fechou a porta da casa de banho.

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